INTRODUÇÃO
Como definição inicial podemos utilizar a conceito da palavra monasticismo (do grego monachos, uma pessoa solitária) é a prática da abdicação dos objetivos comuns dos homens em prol da prática religiosa.Os praticantes do monasticismo são classificados como monges (no caso dos homens) e monjas (no caso das mulheres). Ambos podem ser referidos como monásticos e, por norma, vivem na chamada clausura monástica.
A clausura monástica é uma expressão que se refere à forma como os praticantes recebem o voto e aceitam não saírem mais do seu mosteiro ou convento.
A clausura tem a finalidade de manter todos os seguidores em um estado de silêncio e oração e de outros recursos ascéticos para a perfeita união com Deus. Apesar da separação do mundo, seus seguidores nunca deixaram de se unir intimamente com a humanidade, oferecendo sempre suas orações em forma de intercessão.
Vida monástica é fundada sobre a renúncia ao mundo, e assim apresenta-se como a renúncia de uma natureza decaída em prol de sua superação, a fim de encontrar o que está acima desta natureza.
Em outras palavras, o monasticismo contém em si um elemento profundo de heroísmo exaltado, próprio da vida real e genuína.
Ao mesmo tempo em que se encontra o mais distante deste mundo, mais o monasticismo é capaz de ajudar este mundo.
Um monge conhece os segredos da alma humana, a atividade das paixões e da imagem da atividade da graça de Deus, os mistérios e as dificuldades do caminho espiritual.
O monge é alguém que por seu esforço aprendeu muito. Ele é o melhor psicólogo. Ele entende os fracos, os antagônicos, o coração partido, o oprimido e o traído, os famintos e os sedentos, os perseguidos e os injustamente insultados.
CONTEXTO HISTÓRICO
O Monasticismo Cristão deve ser compreendido como uma resposta a secularização da igreja. Porém não apenas aos motivos religiosos que se teve inicio o movimento. Boa parte de suas raízes são políticas, sociais, econômicas e culturais. Todos esses motivos citados contribuíam naquela época para pessoas se refugiarem nos desertos do Egito, levando uma vida de solidão.Nesta época, a crise no Império Romano era terrível, o Egito era uma das províncias mais ricas do império, mas os altos impostos, desvalorização da moeda refletiam em todo o caos em que a sociedade estava enfrentando Neste cenário existia pessoas que fugiam para o deserto para não pagar dividas, para evitar problemas judiciais ou ainda como forma de protestar dos problemas sociais contra o governo.
Podemos ainda citar o fato do desenvolvimento da igreja cristã neste momento, porém a difusão do cristianismo era parcial em apenas algumas cidades deixando um pouco de lado a área rural além de a própria igreja ter uma visão paganista dos moradores do campo. Esses moradores acabaram se refugiando também no deserto.
Contudo, o monasticismo foi um produto resultante de todos esses acontecimentos da época. Muitos padres que buscavam fora da igreja um cristianismo puro saíram para o deserto e lá iniciaram os trabalhos de divulgação do cristianismo
Por volta do ano de 305, tem se o registro do primeiro movimento, onde Santo Antônio, mais conhecido como Santo Antão, ao qual podemos considerar como fundador da Vida Monástica une um grupo de discípulos e decidem renunciar ao mundo e se agrupar entre eles. Esse agrupamento ainda não contemplava uma visão perfeita de um mosteiro, mas no máximo uma Laura, um agrupamento de anacoretas submetidos a uma ascese e a um modo de vida relativamente livre. Esta primeira comunidade foi estabelecida as margens do rio Nilo não longe da fortaleza e Pispir, perto da atual aldeia de Deir-el-Maimum.
Por volta de 318, Pacômio, que vivera 12 anos como eremita, foi um dos fortes difusores do movimento e fundou seu primeiro mosteiro. Situava-se perto da aldeia de Tabenesi, na margem ocidental do Nilo, nas proximidades da antiga cidade de Denderah.
A obra monástica de São Pacômio foi estupenda, sete mil monges estavam sob seu controle direto no Egito e na Síria. Todos eram tomados por uma profunda simplicidade, obediência e devoção.
A sua organização monástica ficou conhecida como tipo comunal ou coletivo de monasticismo cenobítico. São Pacômio tinha o dom divino da administração. Sua obra serve de exemplo até hoje.
PRINCIPAIS PERSONAGENS
Dentre os principais personagens do movimento, podemos citar quatro figuras marcantes no monasticismo, em ordem cronológica podemos citá-los:
- Santo Antônio ou Santo Antão
- São Pacômio
- São Bento
- São Basílio
Santo Antônio ou Santo Antão (251 – 356)
Santo Antônio, o qual nasceu em Qeman, ao sul de Mênfis no ano de 251, numa família cristã abastada. Aos vinte anos, órfão, abre mão de sua herança e dedica-se até 365 a prática do asceticismo. Sua vida e obra foram divulgadas por Atanásio, aumentando a influência desses padres no Oriente e no Ocidente, sendo comuns peregrinações no deserto para pedir-lhes conselhos, orações e benção.
São Pacômio (290 – 364)
Pacômio nasceu na Alta Tebaida, aldeia Esne, em 292. De família pagã, foi recrutado com aproximadamente vinte anos para servir ao exército imperial, onde teve contato com cristãos, favorecendo sua conversão. Tornou-se um anacoreta tendo como guia Palamón. Depois de sete anos, conta-nos Paládio que Pacômio ao visitar o deserto de Tabenese um anjo lhe teria entregado as regras para o mosteiro, assim como o lugar do estabelecimento do mesmo. Apesar do misticismo que envolve a fundação do primeiro mosteiro pacomiano e formulação das regras, fica evidente que Pacômio, pela sua experiência, percebeu que o individualismo existente e o número cada vez mais elevado de monges tornava o anacoretismo ineficaz para suprir as necessidades de todos, tanto espiritual como materialmente.
São Bento de Núrcia (480 – 547 )
São Bento nasceu em Núrcia, em 480. Quatro anos antes do seu nascimento foi assassinado o último Imperador romano; a sobrevivência da cultura romana só foi possível através do trabalho incansável, no campo religioso e cultural, dos monges.
Não há dúvida de que São Bento foi uma grande figura de monge da antiguidade. A vida monástica ocidental teve seu início com ele. Foi abade e declarado padroeiro principal da Europa, em 1964, pelo Papa Paulo VI, reconhecendo, assim, a grande colaboração do santo na civilização europeia.
A regra monástica que São Bento escreveu se resume em três palavras: “Ora et labora”; “ora e trabalha”, que quer dizer que os seus monges deviam levar vida ativa e contemplativa.
São Basílio Magno (330-379)
Basílio de Cesareia, também chamado de São Basílio Magno ou Basílio, o Grande oi o bispo de Cesareia Mazaca, na Capadócia (atualmente a cidade de Kayseri, na Turquia). Ele foi um dos mais influentes teólogos a apoiarem o Credo de Niceia e um adversário das heresias que surgiram nos primeiros anos do cristianismo como religião oficial do Império Romano
Sua habilidade em balancear suas convicções teológicas com suas conexões políticas fez de Basílio um poderoso advogado da posição nicena.
Ficou conhecido por seu cuidado com os pobres e necessitados. Ele estabeleceu padrões para a vida monástica com foco na comunidade, na oração e no trabalho manual. Juntamente com São Pacômio, ele é lembrando como pai do monasticismo Oriental.
MONASTICISMO OCIDENTAL
O Monasticismo ocidental começou sob a forma eremítica e sob a inspiração de Santo Antão. São Bento de Nurcia tornou-se o patriarca dos monges do ocidente. E criou a base de todo o Monasticismo Ocidental. Ela estava composta em 73 artigos ou capítulos e a regra cheia de instruções práticas. Enquanto os orientais se alimentavam mal, bento pregava refeições diárias contendo dois pratos de frutas ou legumes e vinho. O sono era fixado em 8 horas diárias e cada monge tem sua coberta e seu travesseiro. Dentro da regra, existem dois pontos onde a cobrança e incessante: o monge deveria permanecer toda a sua vida no mosteiro em que o monge fez o seu voto ou o seu abade envie-o a outro mosteiro, E a obediência deve ser total ao seu abade.O verdadeiro monge, segundo a regra de São Bento, deve ser: “Não soberbo, não violento, não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não murmurador, não detrator… mas casto, manso, zeloso, humilde e obediente”.
No entanto, a principal atividade dos monges beneditinos é a oração.
São prescritas horas de oração individual e de culto comum. Salmo 119.164 (Sete vezes no dia eu te louvo) e Salmo 119.62: (Levanto-me à meia-noite para te dar graças).
Oito cultos diários: sete durante o dia e um à meia-noite. O culto da «meia-noite» era celebrado de madrugada, do que se derivou para ele o nome Vigília ou Matina. A ele seguiam-se os demais: Laudes, Prima, Tertia, Sexta, Nona, Véspera e Completas. Nessas horas de culto aconteciam a recitação dos salmos e a leitura de partes da Escritura.
No espaço de uma semana eram recitados todos os Salmos. As leituras bíblicas seguiam o ano litúrgico. Desse costume brotou um profundo conhecimento bíblico nos conventos. Nos conventos de inspiração beneditina não se conhece a «era das trevas», mas uma profunda devoção bíblica. Os mosteiros beneditinos passaram a serem, ainda, centros de estudo, nos quais se copiavam e preservavam manuscritos. Ponto de partida para a atividade copista foi a própria vida de culto da ordem. Os textos bíblicos que eram cantados e lidos tinham que ser copiado
MONASTICISMO ORIENTAL
O abade, chamado de higumene – líder – aou archimandrite – chefe do rebanho – era eleito por voto de maioria entre os monges. Mas sua eleição tinha que se confirmada pelo bispo local. Quando da fundação de um novo monastério, o bispo inspecionava e abençoava o local escolhido e aprovava os títulos de propriedade.
MONASTICISMO E A TEOLOGIA
O Movimento veio em encontro com um momento onde a igreja estava passando uma transformação. O caminho do cristianismo estava em direção ao cristianismo controlado pelo governo e neste processo, o monasticismo contribuiu e muito para a manutenção principalmente do ensinamento, preservação de documentos, evolução de mecanismos para produção de alimentos, deixando os mosteiros autossuficiente.Com o processo do monasticismo, também surgiram um trabalho muito eficiente da criação de documentos contendo dados históricos da época. Creio que dentro deste contexto, a importância para a teologia atual e considerável, pois até hoje muitos dos ensinamentos monásticos são utilizados em nosso cotidiano.
REFERÊNCIAS